quarta-feira, 28 de setembro de 2011

VIOLAS MEU MUNDO

É triste como só posso me manifestar sob sua supervisão
Sob sua ordem
Sob sua autorização

Esse seu jeito de querer me educar
Me faz confusa
Me deixa atordoada

A ponto de não ter coragem de ser o que sou
E ser quem tenho aprendido a ser
Cheia de preceitos e conceitos
Que me fazem alguém fora do meu tempo

Sou quem sou
Faço o que faço
Mas não consigo ser quem falo que sou

Não tenho voz
Não tenho liberdade
Não tenho a coragem
Que queria ter

Sair pelo mundo
Pedir licença
Falar com Deus
Aprender outras línguas
Fazer outras danças

Quando serei filha da Terra?
Quando me aceitarás como herdeira de seu conhecimento?
Quanto posso aprender?
Tenho um limite?

Será que sabes quem sou?
Imaginas pelo olhar e pelo meu choro
Que sou mais uma do gênero fraco
Vê minhas ações
Não consegue acompanhar minhas evoluções
Imagine minhas transgressões

Violas meu mundo

Por isso não conhece meus pensamentos
Concordo com os fundamentos
Não faço por fazer
Quando faço
Meus ancestrais reagem
Tocam minha alma
Arrepia minha pele

Podes dizer o que for
Podes pensar o que for
Mas não pode agir sem conseqüência

Não te condeno
Apenas peço que compreendas
Que meu seio a mostra
Não é para sedução
E sim uma rebelião

Violas meu mundo

Com um olhar
Um gesto
Uma fala

Uma violência
Imensurável

Talvez se nos conhecêssemos mais
Não digo que seriamos melhor
Pois um elemento muda o curso das histórias

Tenho aprendido muito mais além das palavras
Tenho aprendido entre as palavras

Violas meu mundo

Mas sei que para violares meu mundo
Seu mundo também foi violado
Resiste às opressões
E se torna amargo

Não compreende a vida
Reage sem pensar
Choras em seu intimo

Seu mundo é o meu
Violaram o mundo da história
Assassinaram a mãe e o pai
E o filho está ao vento
Tio que tira os pés do chão
E te leva longe

Se não se encontra com seus entes
Se perde
Não aprende a viver
Não sonha
Não age
Não fala

Só sofre

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O QUE FAZER


Eu não quero
Não quero mais fazer isso
Ou não fazer aquilo
E desfazer isso
E deitar com a cabeça pesando mais que um quilo

Um quilo de pensamentos
Uma grama de felicidade
Um quilometro de sentimentos
Uma estrada sem destino
Uma mochila vazia
Uma alma sozinha
Um andarilho confuso

Não quero escrever sem sentido
Achando que aquela palavra
Não completa esta frase
Quero sair correndo
Não por sua causa
Mas por minha

Você saiu de sua terra
E eu nem sai de casa
Será que tudo isto
São meus pés fincados
E minha mente equilibrada

Me desculpe
Mas tenho tudo
Tenho mãe, pai, mestre, amor
Companheiros da vida
Colegas de caminhada
Amigos confusos

Será que preciso de um copo alcoólatra
Fugindo entre meus dedos
Batendo nos muros
Atravessando os sinais

Ou preciso de um jardim
Com uma grama molhada
Que meus dedos sintam minha fusão com a natureza

Essa ela
Que me pare
Que me enterra
E nunca é dada valor.

DE CASA PARA O MUNDO

Santo da casa não faz milagre
Bem já diz o ditado
Já tentei arrumar a casa
Fazer uma limpeza espiritual
Mas santo de casa não pega na vassoura

Faço de tudo
Lavo, passo, cozinho
Até dou banho nos cães
Ponho a criança para dormir
Se quer saber
Sábado à noite
Nem vou me divertir
A casa não pode ficar sozinha

Mas quer saber de uma coisa
Amanhã vou embora
Para nunca mais voltar
Vou andar pelo mundo
Conhecer novas histórias
Abrir a mente, os braços e o coração

Talvez eu salte de pára-quedas
Mergulhe em alto-mar
Entre em contato com quem já se foi
Passe à tarde com quem tenho medo

Talvez eu voe com os pássaros
Nade com os tubarões
Conheça meus ancestrais
Tire uma sesta com os leões

Não se preocupe
Dormirei no relento
Comerei quando der
Banharei quando puder

Estarei ocupada com minhas novas histórias
Com meu novo povo

Não terei casa
Não terei dinheiro
Não terei ganância
Não terei angústias

Terei o mundo
Terei valores
Terei sentimentos
Terei eu