É triste como só posso me manifestar sob sua supervisão
Sob sua ordem
Sob sua autorização
Esse seu jeito de querer me educar
Me faz confusa
Me deixa atordoada
A ponto de não ter coragem de ser o que sou
E ser quem tenho aprendido a ser
Cheia de preceitos e conceitos
Que me fazem alguém fora do meu tempo
Sou quem sou
Faço o que faço
Mas não consigo ser quem falo que sou
Não tenho voz
Não tenho liberdade
Não tenho a coragem
Que queria ter
Sair pelo mundo
Pedir licença
Falar com Deus
Aprender outras línguas
Fazer outras danças
Quando serei filha da Terra?
Quando me aceitarás como herdeira de seu conhecimento?
Quanto posso aprender?
Tenho um limite?
Será que sabes quem sou?
Imaginas pelo olhar e pelo meu choro
Que sou mais uma do gênero fraco
Vê minhas ações
Não consegue acompanhar minhas evoluções
Imagine minhas transgressões
Violas meu mundo
Por isso não conhece meus pensamentos
Concordo com os fundamentos
Não faço por fazer
Quando faço
Meus ancestrais reagem
Tocam minha alma
Arrepia minha pele
Podes dizer o que for
Podes pensar o que for
Mas não pode agir sem conseqüência
Não te condeno
Apenas peço que compreendas
Que meu seio a mostra
Não é para sedução
E sim uma rebelião
Violas meu mundo
Com um olhar
Um gesto
Uma fala
Uma violência
Imensurável
Talvez se nos conhecêssemos mais
Não digo que seriamos melhor
Pois um elemento muda o curso das histórias
Tenho aprendido muito mais além das palavras
Tenho aprendido entre as palavras
Violas meu mundo
Mas sei que para violares meu mundo
Seu mundo também foi violado
Resiste às opressões
E se torna amargo
Não compreende a vida
Reage sem pensar
Choras em seu intimo
Seu mundo é o meu
Violaram o mundo da história
Assassinaram a mãe e o pai
E o filho está ao vento
Tio que tira os pés do chão
E te leva longe
Se não se encontra com seus entes
Se perde
Não aprende a viver
Não sonha
Não age
Não fala
Só sofre
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